sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O investimento equivocado

Por Célia Fernanda Lima e Edson Carvalho

Belém parecia estar voltada para os últimos preparativos do Fórum Social Mundial (FSM). O reforço na segurança pública, o andamento das obras estratégicas para o evento, a arrumação dos hotéis e dos alojamentos para os participantes que estavam chegando e a expectativa do setor de turismo eram fatores que nos levariam a crer que a população estava ansiosa para o início de um dos maiores eventos mundiais que a capital paraense poderia receber.

Mesmo com todos esses trabalhos e com a proposta de discutir as principais dificuldades da sociedade mundial, em especial da Amazônia, a maioria da população de Belém estava mais preocupada com os possíveis problemas que o FSM poderiam causar à cidade, deixando de lado, inclusive, o fato de que eles mesmos serão assuntos nas discussões e atividades do evento.

De fato, Belém foi “preparada” fisicamente para receber o Fórum Social Mundial, mesmo que de forma emergencial. Entretanto, a população (inclusive você que está lendo esse texto) acabou ficando de lado nesses preparativos, ignorando a importância do evento e mostrando-se alheia às discussões que seriam levantadas aqui. A construção de uma mentalidade que apoiasse o Fórum foi deixada de lado.

De fato, Belém não estava preparada para receber as discussões do FSM; a Belém humana (ou mesmo social) não entrou no espírito do encontro e desperdiçou uma oportunidade única para a vida de muitos.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

É possível?

Depois de oito meses de abandono, o blog volta a ser atualizado.

Muitas experiências passaram por aqui.

Decidi torná-lo pessoal mais uma vez, mas também preservarei as postagens antigas, mesmo aquelas feitas em caráter acadêmico.



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O motivo da volta do blog é simples: o Fórum Social Mundial 09 que acontece em Belém esta semana.

Há duas semanas ainda não tinha percebido as dimensões de um evento como este.



A gente vê outros encontros mundiais, lê sobre o assunto, mas tudo parece tão distante. Confesso que não dei tanta bola assim para o assunto, mas semana passada as coisas começaram a mudar, principalmente com a demanda de trabalho que crescia e a importância que "as pessoas de fora" estavam dando ao encontro. Pois bem...



O fato é que faltando menos de uma semana para o início do FSM, dei de cara com um grupo de europeus (a maioria vinha da Bélgica) em pleno Ver-o-Peso. Normal, talvez, por ser um ponto turístico. Não era. Afinal de contas, não é todo dia que você encontra um diretor nacional de uma central sindical* hospedado em um humilde hotel e andando de bermudas pelo meio de uma feira ao ar livre.

A cena, que já era memorável, foi ainda mais marcante quando precisei usar todo o meu limitado inglês (e sofrível, por sinal) para me comunicar com ele. Ou isso, ou ia gesticular como um primata para que ele falasse comigo. Enfim, ao menos consegui entender o que discutiriam aqui no Fórum e a impressão deles sobre a realidade dos nossos trabalhadores.



Em Belém, conhecendo as relações de trabalho no mundo todo, vários destes participantes do Fórum Social Mundial discutirão também a escravidão em pleno século XXI. O Pará, por sinal, é o líder no ranking nacional de trabalho escravo, isso sem falar na quantidade de crianças que já ajudam a sustentar (ou sustentam) suas famílias. E esses belgas estariam no FSM também para discutir isso.

Há tantos outros que estão aqui para discutir também sobre as questões das chamadas "minorias"; questões dos direitos humanos; questões sobre educação; sobre saúde; sobre meio ambiente e recursos naturais...

Afinal de contas, mais de 90 mil pessoas estão inscritas no evento, sem falar nos eventuais penetras.

Os olhos do mundo se voltam para Davos, na Suíça, para o encontro dos países ricos e das multinacionais, e também para Belém, no Brasil, em plena Amazônia, onde acredita-se que discussões possam levar a um mundo melhor.

Essa visibilidade já seria suficiente para nos atentar a importãncia do FSM.



Aonde quero chegar com toda essa história? Simples:

- Você sabe o que é o FSM?

- Acredita que ele pode mesmo ajudar a mudar o mundo?



Vale a pena refletir sobre o assunto...





*Federação Sindical Cristã ACV/CSC