quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A beleza de um idioma traduzido por Chico Buarque

É admirável, eu diria até respeitável quando conhecemos alguém que fala mais de um idioma. Além do fácil e obrigatório inglês, lê, escreve e entende perfeitamente o espanhol, francês, italiano, alemão e húngaro. Opa! Húngaro?! Por que aprender a falar húngaro?! Para José Costa, personagem do livro Budapeste, de autoria de Francisco Buarque de Hollanda, vulgo Chico Buarque é uma língua curiosa, sensualmente atraente e segundo as próprias palavras de José Costa, o narrador- observador da história do livro, é a única língua que o Diabo se curva.


Budapeste é um romance que relata a vida de um escritor anônimo, cansado de se divertir em ser o motivo escondido do sucesso dos outros, geralmente pessoas famosas e reconhecidas pelo “talento” por toda a sociedade brasileira.

Viaja para a capital da Hungria depois de ter conhecido um autor húngaro em um estranho e misterioso Congresso de Escritores Anônimos em que José Costa foi em Washington. Depois desse Congresso, José Costa fica alucinado pelo idioma húngaro e quando chega a Budapeste se apaixona pela beleza do lugar e passa a explorar quase todos os pontos da cidade (Buda e Pest).

Sem esquecer a obsessão pelo húngaro, decide ir a uma livraria e comprar um desses livros promesseiros do naipe “Aprenda a falar húngaro em apenas dois meses”, atrás dele aparece uma linda morena, com feições fortes e de patins, é a Kriska que balança a cabeça olhando para José Costa, como quem diz “Não é assim que se aprende outro idioma”.

Os dois se conhecem através de mímicas e muita atração, e com isso uma verdadeira e emocionante história de amor nasce. Kriska cede todo o seu conhecimento da língua húngara e o seu amor a José Costa, enquanto ele cede todos os seus dotes sexuais e a dedicação e o interesse em conhecer a língua e outras coisitas más do país.


A paixão entre eles é tão intensa que José Costa esquece completamente que deixou no Rio de Janeiro, uma mulher (famosa apresentadora de telejornal) e um filho de cinco anos que não fala.

O desfecho do livro é totalmente inesperado e contraditório, contudo, Chico consegue terminá-lo de uma forma original e coerente com tudo o que já tratado na narrativa.


Para quem é fã da música de Chico Buarque, vai ficar mais fascinado ainda por ele, porque Chico consegue destrinchar um romance com muitas quebras temporais durante todo o percurso do livro, sem confundir o leitor. Já aqueles que gostariam de conhecer mais o cantor e escritor, o livro Budapeste é ideal para iniciar uma grande admiração pelo autor.

Chico Buarque é sem exageros um gênio da literatura brasileira e Budapeste é um livro que você não consegue parar de ler, aliás, nem deve. Leitura Obrigatória para os amantes de livros!


VISZONTLÁSTARÁ (Adeus em húngaro) Amigos!
Até a próxima!
Lígia Bernar
P.S: Budapeste 2003. Editora Companhia das Letras. Preço Médio: R$ 28,00 a R$ 35,00.


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