quinta-feira, 24 de abril de 2008

Números da violência contra a mulher em Belém assustam




José Brito - jbritoneto@gmail.com


“É tão doloroso lembrar aquele dia. Tudo aconteceu de forma tão violenta que parecia que eu estava sendo atacada por um animal”, lamenta a pediatra L. M. A., descrevendo sua dor com as típicas palavras de uma vítima da violência doméstica. Em Belém, somente nos quatro primeiros meses do ano, os registros na Divisão Especializada em Atendimento à Mulher já chegaram a 1.200.
Desde a implantação da Divisão Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM), os números da violência doméstica em Belém se tornam cada vez mais alarmantes, expondo um problema que não distingue cor, credo ou classe social. De janeiro a abril deste ano, já passam das 1.200 as ocorrências registradas somente na DEAM, que não levam em conta os números das seccionais urbanas da capital, deixando os dados com valores abaixo da realidade.
Em processo de divórcio na ocasião, L. M. A. foi atacada por seu ex-marido no início do ano. Após invadir o carro da vítima, o agressor passou a golpeá-la com as mãos, deixando-a desacordada. Em seguida, colocou-a no banco traseiro e dirigiu até um motel da cidade. “Eu acordei com o meu rosto doendo muito, sem saber onde estava. De repente ele apareceu e veio para cima de mim, me forçando a manter relações com ele. Eu não queria. Pedi para ele me levar a um hospital, mas como queria acabar logo com aquela situação, acabei cedendo e pedindo para que aquilo acabasse logo.” O boletim de ocorrência, feito na própria Delegacia de Mulher, diz que, segundo a vítima, ela teria sido levada a um motel da cidade, onde foi forçada a manter relações sexuais com o ex-marido, M.S.C.
Segundo a titular da DEAM, delegada Alessandra Jorge, os casos de violência doméstica registrados na divisão são como os sofridos pela pediatra. “A violência doméstica atendida aqui na DEAM partem de companheiros ou ex-companheiros da vítima”, atesta a delegada. “Vão desde ameaças, calúnias, injúrias e difamações até as lesões corporais, ‘as vias de fato’ do casal”, completa.
O caso de L. M. A. mostra ainda outra fragilidade das vítimas de violência doméstica: o perdão e posterior reincidência do agressor. A médica fora agredida pelo ex-marido em 2005, mas decidiu retirar a queixa alegando a demora da justiça. “Em muitos casos as vítimas vêem À delegacia querendo ‘alertar’ o companheiro da gravidade da situação, em geral pedindo para que conversemos com eles, e preferem não entrar com a denúncia judicial”, afirma a delegada Alessandra.
Dividida em diversos níveis, a violência doméstica atinge principalmente mulheres e crianças, que em muitos casos desconhecem suas posições de vítima. “Manter relações sexuais com o parceiro sob algum tipo de coação, como ameaças verbais, por exemplo, já caracterizaria uma violência doméstica”, afirma a titular da DEAM. “As ameaças verbais, por sinal, são as que mais aterrorizam muitas destas mulheres, que sofrem em silêncio. “Elas têm vergonha de ir à DEAM ou a uma delegacia, além do medo de represálias também, e isso é pior, porque a violência continua impune, ao lado delas”, completa. “Casos como o da Nirvana (Evangelista da Cruz, morta pelo ex-namorado, Mário Tasso) são graves, porque ela prestou diversas queixas contra ele, mas casos como o da Lílian (Obalski, morta pelo ex-namorado, Fábio Silva) são ainda piores, porque ninguém imaginava, não havia queixas contra ele. Isso mostra a importância do registro de violência doméstica”, finaliza.
Para a advogada Mary Cohen, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB no Pará (OAB/PA), exemplo como esse demonstram a esfera social de vítimas da violência doméstica, pois na maioria dos casos, as queixas são retiradas em menos de dois meses. Segundo ela, muitas agressões, tanto às mulheres, quanto às crianças, começam dentro de casa, gerando certa inibição em denunciar os agressores. “Ninguém se sente à vontade ao denunciar um pai, um marido ou outro parente, portanto, a agilidade nos processos e o apoio da família são dois alicerces fundamentais para dar continuidade e força a uma denúncia.”
Estudos sobre violência doméstica mostram a realidade brasileira. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgados em 2005, 22% das mulheres brasileiras que foram agredidas pelo companheiro ou ex-companheiro não contaram a ninguém. A pesquisa mostra ainda que 29% das brasileiras relataram ter sofrido violência
física ou sexual pelo menos uma vez na vida, sendo que 60% das vítimas de violência doméstica jamais abandonaram o lar após a violência, e apenas 20% das vítimas saíram de casa uma vez, voltando em seguida.

Fonte:
Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1068&Itemid=2

4 comentários:

Anônimo disse...

tenho vontade de denunciar meu marido mas nao tenho coragem

Anônimo disse...

É impressionante como posso portar um comentário sem relatar aqui meu problema meu desespero Quando meu Deus quando vou descobrir que sofro d eviolencia psicológica em um relacionamento horrível que não tem nada haver e já dura 16 anos????sem estar casad sem nada, tenho 40 anos sou jovem universitária adoro meu trabalho como terminar? eu sofro por não ter coragem cedo sempre sem ter prazer sofrendo o tempo todo que é isso meu Deus? Alguém esta por traz fortalecendo esta " " relação"" !!!!! Preciso saber quem sou eu ele percebe meu problema por que continua comigo me usando que falta d ecaráter de desrespeito!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

POis acho que vcs mulheres acima deveriam denuncia-los vcs nao podem acorbetalos pois creio que assim que vcs se sentirem livre desta suposta situaçao se sentirao livres leves e felizes da vida por que vcs vao sentir oque e liberdade e viver sem a pressao de ninguem desejo sorte a vcs e muitas coragem

Kelly disse...

MEU MARIDO JA TENTOU ME AGREDIR, PORÉM ELE SABE QUE SE ELE TOCAR O DEDO EM MIM DENUNCIO ELE SEM PENA, FALO PRA ELE QUE É UMA COVARDIA UM HOMEM BATER EM UMA MULHER E ELE SABE MEU REPÚDIO A HOMENS COVARDES POIS O MEU IRMÃO BATIA DEMAIS NA MULHER DELE E UMA VEZ BATEU EM MIM E O DENUNCIEI E ELE NUNCA MAIS ENCOSTOU A MÃO EM MIM... NÃO DEVEMOS TER MEDO SÃO ELES QUE DEVEM TER DE NÓS. CORAGEM PARA DENUNCIAR... KELLY