sexta-feira, 25 de abril de 2008

Novos rumos da violência urbana em Belém

Em Belém, a insegurança, o medo e a necessidade de justiça atingem todas as camadas sociais e interferem de maneira incisiva na qualidade de vida da população.

Pará: Terra sem Leis. É assim que o estado tem sido referenciado freqüentemente na mídia nacional. O notório aumento dos índices de violência urbana, dentro e fora da capital, reforça o termo criado pela imprensa nacional. Nos últimos meses, a violência banalizou-se de tal forma que deixou de ser restrita às áreas periféricas, não parte somente das mãos de bandidos, mas da polícia, que em muitos casos se mostra despreparada ou abusa do poder. Até a população, que sempre foi considerada a principal vítima do descaso governamental, passou a contribuir para o aumento dos índices de violência. Hoje, em Belém, a insegurança, o medo e a necessidade de justiça atingem todas as camadas sociais e interferem de maneira incisiva na qualidade de vida da população.
O crescimento desordenado da capital favorece o surgimento de invasões, favelas, locais onde o poder público geralmente deixa de atuar, o que favorece a interiorização da violência. Nos casos ocorridos nas periferias da capital é possível relatar o assassinato de dois jovens que assaltaram um policial à paisana e foram mortos a tiros, no meio da rua, pelo, soldado durante a fuga. O fato ocorrido no bairro do Jurunas durante uma noite de domingo teve como testemunho um garato de 11 anos de um projeto social desenvolvido no bairro. A proximidade com a violência é cada vez mais comum, com freqüência, crianças, jovens e adultos presenciam cenas chocantes e vivem um dia-a-dia de medo.

Na tentativa de se proteger de qualquer maneira, a população, mesmo com
Estatuto do Desarmamento, procura meios ilícitos para adquirir armas. No dia 28 de julho de 2007, a versão online do Jornal Popular publicou uma matéria que mostrava todos os passos dados por duas famílias dos bairros do Jurunas e Guamá para comprar as armas para suas futuras defesas. Em um dos trechos da matéria a matriarca de uma das famílias relata a necessidade de garantir sua própria segurança e de suas filhas. “A gente precisa se armar para não morrer porque não sabemos mais quem é bandido e quem é polícia”.

Injustiça por justiça

Além do porte de arma ser um ato ilegal, a população procura outro meio de defesa: “a justiça com as próprias mãos”. As manifestações populares deixaram de ser apenas mais uma forma de protesto, refletem o cansaço e a reação a violência sofrida cotidianamente. Hoje nas páginas dos cadernos policiais dos jornais paraenses revoltas populares como linchamentos de assaltantes dividem a atenção do leitor com matérias sobre homicídios e latrocínios. A cena é geralmente a mesma: a vítima aponta o assaltante e a população enfurecida descarrega sua revolta e indignação.
Segundo um dos editores do caderno Polícia, do
Jornal Diário do Pará, Leandro Santiago, a população age por impulso e na mesma proporção de violência. “A população faz aquilo que acredita que é a solução imediata do problema. Vai atrás do bandido pessoalmente e bate nele, o humilha. O bandido capturado acaba sendo o símbolo de uma situação, para um, simboliza o assalto sofrido há seis meses, para outro, é o assassino de um vizinho que perdeu a vida por causa de dois reais”.
O caso emblemático do
linchamento de um assaltante no Conjunto Cordeiro de Farias, no bairro do Tapanã, periferia de Belém, evidencia o nível de revolta da sociedade.

* O vídeo contém fortes cenas de violência

A voz da Lei

O delegado de Polícia Civil, da Seccional da Cidade Nova, Cezar Salgueiro, explica que “se a polícia não estiver presente é dever da população prender o assaltante, desde que seja em flagrante delito (...) Se por impulso a população agredir o acusado, fica caracterizado crime de lesão corporal e, se por ventura alguém matar o acusado será crime de homicídio”. Sobre o caso da compra de armas de forma ilegal, o delegado afirma que “somente policiais e pessoas autorizadas tem porte de arma. A utilização da arma como forma de defesa pode cair por terra se a pessoa não tiver o porte legal da arma”.


Um comentário:

Anônimo disse...

Rio ultrapassa 120 mil casos de dengue
De acordo com o último relatório divulgado pelo Ministério da Saúde, no final de março, nos três primeiros meses do ano foram registrados 120.570 casos de dengue, sendo 647 casos confirmados do tipo mais grave da doença, a dengue hemorrágica, que ocasionaram 52 mortes. Também foram notificados 80 casos de doença em que o doente teve complicações, resultando em um número de 26 óbitos até o início de do mês de abril. Informações não oficiais dão conta que o número de mortes ocasionados pela doença ou por complicações ultrapassa 90 casos no estado.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, o Ministério da Saúde aponta uma queda de 27% no número de casos registrados, mesmo com a situação alarmante do estado do Rio de Janeiro. Lá, foram notificados nos três primeiros meses do ano, 43.523 casos de dengue, o que corresponde a 36% do total de casos notificados em todo o país.
A cidade do Rio de Janeiro concentra mais da metade de todos esses casos, 28.233, seguido pelos municípios de Nova Iguaçu (2.643), Angra dos Reis (3.141), Campos dos Goytacazes (2.144) e Duque de Caxias (1.075). Nos três primeiros meses de 2008, o número de casos de dengue registrados no estado do Rio de Janeiro, superam os registros de todo o ano de 2007.
Desde o mês de março, o exército está nas ruas para atender ao número de doentes que não consegue atendimento em postos de saúde e hospitais. A cada dia quase uma centena de novos casos são registrados e o número de mortes pela doença começa a se tornar freqüente.